O senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE)
afirmou, nesta quarta-feira (7), que a extinção da Delegacia de Crimes
contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), conhecida pelo
combate à corrupção em Pernambuco, é “muito estranha” e que a tramitação do projeto de lei na Assembleia Legislativa (Alepe), em regime de urgência, “não ouviu a população”
e gerou discordâncias entre setores da Polícia Civil (PC) do Estado, da
sociedade e especialistas, que veem a medida como um retrocesso. Além
de extinguir a Decasp, o projeto aprovado em poucas sessões pelo governo
de Pernambuco, exclui também a Delegacia de Crimes contra a Propriedade
Imaterial (Deprim).
“Eu considero algo muito estranho,
que logo após as eleições, depois que algumas investigações e alguns
inquéritos estão em curso e alcançaram figuras até ligadas a esse
sistema dominante em Pernambuco, ao sistema de poder em Pernambuco“, afirmou, em entrevista à Rádio Jornal Caruaru.
“Passa a eleição e imediatamente se
apresenta uma proposta de reestruturação, sem discussão, atropelada, que
até hoje não foi bem explicada à população. Ninguém consegue entender o
porquê dessa pressa. Por que, de repente, você teve que fazer uma
reestruturação dessa. Eu considero no mínimo estranho que essa coisa tem
sido feita dessa forma, no apagar das luzes do ano legislativo, sem uma
discussão maior com alguns setores e sobretudo levando em conta que
essa delegacia é uma delegacia que apura exatamente os crimes contra a
gestão“, acrescenta Armando.
O senador defendeu ainda que a delegada
titular da Decasp, Patrícia Domingues, deveria ser mantida à frente dos
inquéritos que estão abertos. “Nós gostaríamos que o governo pudesse
explicar esse projeto, mas é fundamental que a delegada titular, que
vinha desenvolvendo um trabalho extraordinário, permaneça à frente dos
inquéritos abertos. Cabe agora indagar se ela vai continuar à frente dos
trabalhos ou se com esta reestruturação ela será afastada das
investigações. Essa é uma pergunta que nós gostaríamos que o governo
pudesse responder, porque é fundamental que essa delegada continue
vinculada a estes inquéritos e a essas investigações, porque, do
contrário, ficará a ideia de que tudo isso se fez para afastar a titular
da antiga Decasp, com um trabalho extraordinário, reconhecido por
todos, que realizou mais de 15 operações, prendendo empresários e
políticos. Essa pergunta é algo fundamental“.
Federalização
Para Armando, caso exista alguma
suspeita sobre as mudanças e a tramitação dos inquéritos abertos, poderá
haver federalização dos casos de corrupção em Pernambuco. “Embora
tendo muito apreço à Polícia Civil de Pernambuco, reconhecendo que ela
tem quadros muito qualificados, se ficar amanhã claro que essa delegada
foi afastada das investigações, nós vamos ter que avaliar se não seria o
caso de federalizar, de colocar a própria Polícia Federal para concluir
essas investigações, porque fica a ideia de que o governo do Estado
possa não ter a isenção necessária para conduzir de alguma forma esse
processo”, argumentou.
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